quarta-feira, 20 de julho de 2011

o ultimo poema n consta daqui

domingo, 8 de maio de 2011

eh
go
za diante
reta arde
adiante

NADA

terça-feira, 15 de março de 2011

Soneto de infidelidade

A todos meu amor eu dou percento
Permil, pernoitenésimas, dou tanto,
Que em busca da face do mor encanto,
De toda, desocupo o pensamento.

Quero fazê-lo feito um vão ciumento
E em meu louvor nele espalhar o pranto
E rir meu riso de deixá-lo ao canto
Quando chifrado eu já dispenso um cento.

E assim, quando mais tarde me procuro,
Quem sabe o furo, punheta de quem vive,
Quem sabe a traição, fim de quem ama,

Eu possa me dizer do amor, que tive,
Que não seja total, posto que encana,
Mas que esporre infinito enquanto duro.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Pára-Pára

O cavalo anda
A carroça anda
A barata anda
A pomba anda
O meliante anda
O guarda anda
A louca anda
A enfermeira anda
A fila anda
A vida anda
A onda anda
O rato anda
O gato anda

... e eu empaco
d'amor
eu engatinhando

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

eu bassaria a noite escrevendo = mas amanhã vou abagar esse boste

algo está perturbando o dezaini

se desmorono ou se edifico
se permaneço ou me desfaço

anus liso sinto teso

e um e outro leiauti

domingo, 31 de outubro de 2010




domingo, 18 de julho de 2010

Eu faço
Com essa lassidão
Com esse dedo em riste
Que passa tudo em vão

Eu faço
Com todo esse bagaço
Com tanto passo triste
Com tanta indecisão

. .........................................Eu faço um espaço
. .........................................Eu faço um vão
. .........................................E passo

domingo, 4 de julho de 2010

Amigo,

Vem cá comigo
Digo
Deixa pra lá
O castigo
Tenho um abrigo
Virgo
Que te dará
Calor
É bem aqui
Vem cá
Vamos fazer
Aqui
Um templo pra
Mará
Vem pra Mará
Cujá
Flor dá maná
Do Amor

Flor, olha eu
Amor
Olha pro meu
Amor

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Embrulho

. .Eu toparia um homem banal
. .que me desse flores num papel jornal

. .Amores acumulados
. .num papel jornal
. .quais cacos de um copo de vida

. .Eu toparia um homem banal
. .que me desse flores na despedida

sexta-feira, 14 de maio de 2010

assinado, Eric

mora
na filosofia

pra que rimar
amor e dor?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Escombrose

.

a baixeza

retoca de lilás os cílios diagonais

com fineza de espírito com arguta vontade

vem matar-nos cantando seus tangos demais

.

a baixeza (que vem dizer:)

- estamos prontos para a sessão?

e tem arames antigos nas mãos

e tem torturas ancestrais para nós

.

proteja-te reza terços fecha-te entre teus xangôs e diabos

os arquétipos ornamentados de nova persona

babel erguida é falsa acaso tenha mais só babel de escudo

babel virá cair mais escombros nessa vida quebrantada

.

agora principalmente agora do futuro próximo

suma-te entre letras até que a alma suba e caia do lado de lá

que da carne hirta ao limboso muro o lado de lá seja ainda solar

.

estejamos bem vestidos para a volta marcada

.

o arame veio mas agora para o show de humores

outro senhor ronda - o percurso dos primeiros senhores

é certa a novidade - é certa - como o canto de falar em línguas

amém zugalelê maomá acugalá-já

.

.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Nova estrada

>>>Escuto seus pés rentes à porta fechada
>>>E não bateu, fechou, silenciosa e total
>>> Deixa assim, é como ele gostava de fechá-la
>>>Soprei a Saturno, que me impele as mãos ansiosas

>>>Mas ainda não é você quem deitou aqui
>>>Você é sempre os seus pés na estrada floral
>>

>>>A porta fechou-se hoje: – Pode abrir amanhã uma corola?
>>>Desato o coração atento: – É você quem chegou?!
>>>Escapado o grito, coração escapado, sem jeito
>>>Nossa porta - escancarar para uma estrada conjunta

>>>– Anda, Saturno, anda mais dócil
>>>Estrada dia, estrada noite: faz um caminho
>>>

>>>Ser como o amor do equinócio

sábado, 30 de janeiro de 2010

Do sem menso


>>>>>>>>>>>>A expressão do objeto ponto acodiu Sérgio Armando ao deter-se olhando para o seu amor, Artur dos Santos, com olhos comensais

.

>>>>>>>>>>>>E deram-se ao sabor primordial, que não intentaremos remedar pelas sucessões secundárias do senso


.
.
.
.


.
.

.
.

Entrementes

>

>>>> esvai-se – retoma – expande – contrai-se
>>>>

>>>> um ponto
>>>>

>>>> germina tons altíssimos – a mais derivação mais remotíssima
>>>> ponto natural – parca esperança – as ondas equacionam muito mal
>>>> o ponto – das singularidades – nem vem de um eixo reto


>>>> uma sorte de coisas interrompe a noite – noite
>>>> ou irrompe - ali: em que algum homem esperava
>>>> rompe – sem integridade – seguramente onde se conclui nada
>>>> cor do verniz preto... preto – com que é tudo bálsamo
>>>> lente – pilão de histórias – arremessados fora
>>>> vida de homens de cartola – cauterizada

>>>> esvai-se – retoma – expande – contrai-se

>>>> tenho óculos e tenho bigodes
>>>> e porque não sob eles tenho também um espírito brincalhão
>>>> tenho amor – ascensão – queda insípida – tremores
>>>> tremores noturnos
>>>> tremores noturnos
>>>> noturnos

>>>> a maior balela
>>>> a maior – suspiragem poética – gosto de fibra recém-colhida
>>>> ainda que insipiente – antigo espírito – aquele tabagista
>>>> borbulha – quer cor cada fissura – a boca mal-cicatrizada

>>>> não quero mais nada – mais – que não mais nada
>>>> o meu ponto-frequente.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Homem Rico

>>>>
>>>>>Vejam aquele que passa
>>>>>aquele é o tal homem Rico
>>>>>dizem que tem vasta posse
>>>>>de que é tanta, não tem fim

>>>>>- Mas como é que passa assim?
>>>>>onde estão seus caros panos,
>>>>>seus espelhos, seu carmim?
>>>>>de quantas pensões dispõe?
>>>>>faz feitiços e abusões
>>>>>pra conquistar seus cristais?
>>>>>e se faz, onde é que estão
>>>>>essas peças e outras mais?
>>>>>tantas posses, onde estão?
>>>>>nem se vê nada demais!

>>>>>Não são coisas dessas, não
>>>>>ele tem só duas paredes
>>>>>pra pregar o seu cordão
>>>>>ele pende moedas sonhos
>>>>>no cordão, entre as paredes
>>>>>pinta cores sobre amores
>>>>>tantos quantos sonhos teve
>>>>>de nós, de quem vem ganhar

>>>>>Não tem tetos nem penhores
>>>>>faz baixar os céus ao chão
>>>>>quando dá cores ao meu
>>>>>sonho de constelação

>>>>>Vejam aquele que passa
>>>>>tem mais um no seu cordão

domingo, 10 de janeiro de 2010

Topada


abalança
estacada virgem do brás
postiço enteados de virgo
tocadores e pífaros dores
as ancas

mãos maçanetas mãos mancas
desbarranca me feito chupeta
elefeito doputo estacado
de dopuro depuro marcado
se punheta petas tocadores
c l u b ..s o c i a l c l u b


estaca

ta tá ta ta táp

tum tu tum tu tum
> >tu.


çanetas coríntios machados
assados de francos impérios
sentado sombrio fuzilado

> >do outro lado
> >> >n ã o .d e i x a .e u ..c a i r

> >> >n ..ã ..o ....d ..e ..i ..x ..a


c l u b
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

> >> >t ô .p á l i d o .e .r o x .o .
> >> >m i n h a id e i a...f i c a
> >> >u m a -.e...s .t..o.p.a..d.a



.

Acepção

A sessão terminou, a outra vai começar em quinze minutos. No lado de fora do banheiro se ouve:

.. .. .. .. .- Eu num tô conseguindo nem assistir nem DVD mais.
.. .. .. .. .- Tá sem tempo.
.. .. .. .. .- Não, é que eu alugo um monte de filme aí eu chego em casa cadê o saco de assistir filme?
.. .. .. .. .- Ah sei.
.. .. .. .. .- Aí eu falo: "eu só faço, eu não assisto mais não".

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Sentimento de hoje

como posso transmitir
em morse libras ou alternadas do espírito
nos tão binários ou nas línguas que por pouco não convencionamos
que o dia choveu em pingos de doce de leite
que os vermes que róem passaram a ler e já comem os clássicos - os danados!
que a palma da mão que hoje abri tivera um punhado de eu fechado
com quem eu nunca que não falou nenhum sim?

no começo, foi o sim. e como começasse, já tem mais o que fazer

- fora Amiel, e às bocas virgens de tanger o mundo!

sábado, 21 de novembro de 2009

Proposição XXVII

Eu que ontem pensei de outra forma
Eu que ontem fechei minhas mãos sobre o teu punho
Eu que corri meu tempo para antes da luz diária
Eu que não me dei conta de como teus pés iam à frente
Eu que não os entendi se deixarem tropeçando
E, pateticamente caído, quando dormiste extenuado e entregue
Eu que beijei desesperado as costas abertas de manhã
As que nem eram tuas, mas as de quem não tenho
Eu que só soubesse intentar super-homens

Eu que ontem pensei de outra forma
Eu que não tive com o que preparar a mesa do café
Eu devia preparar um café para o mundo
E chamar os convivas que não depreciam nossa mesa
Eu devia ter tropeçado, mas caí antes de andar
E puxei até o último hausto o teu sorriso solícito
Eu que ontem tive a estrela da vida
Eu que ontem investi cego na verdade luminosa
Eu que andei sem lentes com que visse a verdade
Eu que nunca entendi de óptica

Meu peito está aí construído
E penso que o essencial é perder a guerra e viver derrotado
Eu que não alimento o cruel nacionalismo
Eu que sei de história, mas não de óptica
Eu que perdi o rosto numa guerra civil
Eu que dei um hematoma à estrela do país
Eu que venci a mim e me decepei o peito
Para montar um repasto ao vencedor de mim

Eu quero um armistício, amor, eu quero ócio
Eu quero descanso sob a estrela do equinócio
Eu quero assinar que desisto

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Ar seco

Vivo seco
como a noite seca depois do dia
os enxarcamentos, os transbordamentos
ficaram nos ares retidos

Foi fértil o dia, como caquis no pé
os dias vão; as noites, secas
as estações, outras; os trópicos, mais quentes
desencarcerado
volita-me da nuca um trabalho de homem

Como e brinco e rio
como caqui, homem sério, de quem me despeço
sério que de dia esteve aqui?
está logo em qualquer parte à parte daqui

Hoje penso, como antes, em minha face adulta
que até ontem não me serviu caquis nem frutas boas
que até a véspera de hoje, por seriedade, não comeu
mas se negadas as brisas de ontem
mas se apartadas daqui as setas do ar que passa
recupero em tempo os aceptores - à ascese em mim
meus braços-cachos rajados no ar


O ar seco leva e a tudo seca
pois não levaria o enxarcamento, o transbordamento?
hoje vivo seco, embora coma caquis

e mais leve, a bem daqui, o pouco que não perco
vivo seco

quarta-feira, 7 de outubro de 2009


.
.
.
.
agora vejo.

eu não tinha esses olhos
pintei os cantos dos olhos com haicais

.
.
.
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domingo, 4 de outubro de 2009

Contraponto

Resolvi parar com isso de ficar suando quieto e pensei de que modo ia dizer o troço entalado na garganta (de nós todos interpretantes): como e por que diabos essa gente da literatura faz? Não era das profundas. Pensei não ser. Nesse mundo de Deus a superfície vai sobre as balizas do alto contraste. E decidi expressar minha pura opinião, derivada de um surrupio, se é mesmo verdade que os pareceres da gente vêm daqueles outros que nos mostraram coisas espantosas para marcar um caminho de pensamento. Ao que não se sabe dá-se um estofo e pronto, fica-se sabendo. É proveitoso não saber se para se preencher o vácuo. E vamos em frente, fazendo da terra abandonada que trabalháramos, mesmo sem saber, para adquiri-la por usucapião. Ahhh! Eu queria tanto pegar nos cânones e de como são, de todos os tempos, usurpadores da terra alheia...

Peguei um papel amarelado de velho, sob uma janela da qual escapava luz de dia. O lápis ainda mais velho, tudo velho de tanto repetir seu uso. Escrevi numa ordem de resposta como houve uma ordem de pergunta prévia, a relembrar: "a) como e b) por que diabos... (essa gente da literatura faz?)" O porquê era o grande clímax, e não podia figurar logo no começo. Eu o guardaria bem para o fim ou, melhor, sequer o diria. Isso! Dos dois ele era o ponto que mais, aos antipáticos às letras, interessava ter, esses que alimentam a teoria de que o literato é um sádico à procura de fazer pouco o entenderem; ah, esses antipáticos adorariam ouvir isso de quem quer que seja, mesmo de mim. Quem sabe? Mas não é o caso agora. Eu deixaria para o final e mesmo no prelúdio não o diria. Já o como de fazer texto, esse demoraria mais, mais complicadinho de tratar, pediria mais espaço, atolaria o ritmo, sendo perfeito para um desenrolar de expectativa acerca do porquê – o porquê! – que não quer calar nessa coisa batedora.

Então parei. O porquê é uma supressão.

Não deve de ser aventado.

E eu que o conformaria a um conto de tese? De que motivo maltratar assim a cabeça?

Vou contar pelo menos desta vez: eu queria era traumatizar, ferrar logo com uma má experiência do texto, a má experiência dos últimos nobéis e mesmo deles o mais existencialista, para que não se andasse mais aos calcanhares dessas abstrações que são tratados sobre as coisas; era desenbocar num senso de concretude incompleta, a inquisitora, a mais clara, a mais patente de todas. Ela não insere respostas nas coisas. Quem acha as soluções – ora, e não é senso que são muitas para uma mesma e mesmo às mais impositivamente binárias – somos nós, sedentos e sedentários.

Sedentários de quê? Olhei o sol pela janela e me ofuscou a vista, o malditinho. Os literatos lá escrevem por profissão? Quando escrevem, acho que é porque deram na telha, como uma pomba tarada num dia de sol forte. Aharara-pa-pá! É uma piada! Pus aqui um ponto e uma expectativa que, foda-se, é intangivelmente necessária.

Ressoante

Haverá mil notas incansáveis,
Vezes mil. A música
É mais que a passagem:
Um dia sei que não estarei morto.
Ouvirei baladas novas, que sei,
Na esquina, ao poste, a todo canto,
O eterno retorno ventando,
O real dialogismo russo, ou até o alemão.

Pelo menos duas vezes chorarão por mim:
No rebento da vida;
Na morte certa.
Mas tão somente tudo de novo:
Os tremores do som que codifica o Tempo.
- E redivivo
Nascer, morrer, renascer... em alguém, uma luta?

O fato é um, sendo fato único,
A corda bamba uma, por que passamos
entre animal e super-homem, musicada.
Mil pronunciamentos
Muitos multi-infernos
Brandir seco de marretas
Recolherem no Tempo:
Letras... Letras...

No caminho, que haverá o código –
da bamba corda, tirada a partitura –,
Fazer da vida, da gente dura?
Projetar-se ao longe pródigo
Um pouco mais que a longa brisa.
O pouco engana o Tempo, como Rhea
Se o destino quer, a Letra posteriza.

Pó de armário

palavra cinzenta
debaixo do armário
não pode encontrar-se

ou suspeitar-se
sem que seja tempo
E não existe tempo
nem há tempo
nem tempo

a palavra cinza
a palavra-ferro-em-folha
gravada, já pronta e tabelada
vai feita no pó cinza
com que neutraliza uma geração

geração não inquire
corações não enfartam
cores não variam
cortes, sangues, mortes
os que sabemos, não delatam

como poeira insuspeita
a cor-ordem
se escorre de debaixo do armário
e serpenteia para além do armário
em campos magnéticos – e como os veremos?

projetada, calculosamente
o palavra pó de ferro
galvaniza o último espasmo
do último espanto
em cascas

a cor do poder
(não da palavra)
a cor-poesia que se pede tanto
craquela essa ordem das coisas, pelo amor de deus!

Muito pouco

Eu fiz muito pouco do dia
Muito
Muito pouco mesmo
Do dia o que eu fiz – muito
Pouco muda as coisas
Quase nada

Nesse dia as coisas não pararam
As pessoas acordaram dormindo
Suaram entre o concreto morno
Mataram sede, fome e gente
Ganharam dinheiro
Dormindo
Para dormir em paz no fim do dia
Para amanhã fazer muito mais

Mas eu...
Eu fiz muito pouco do dia
Muito
Muito pouco mesmo
Do dia o que eu fiz – muito
Pouco muda as coisas
Quase nada

Pelo muito que fizeram dormindo
Eu vou dormir em claro
Para amanhã fazer muito menos

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Promessa no quarto do Anhangabaú

Amanhã vou fazer um poema
E se amanhã eu não tiver a arma com que fazer o poema
Terei morrido de guardá-lo esperando à noite

Chamam-me, por essas, de hipocondríaco negativo pessimista
– Só por falar da morte, é, senhores? Onde estamos?
Eu disse que vou escrever
Agora preciso esquecer para chegar amanhã à forma filtrada e silenciosa do amor
Vejam como está desengonçado

Pensei na morte como quem aventa o improvável
Que implicância e que esquivância sobre a morte
Falei da morte como quem fala: "boa noite"

Mas principalmente o que eu quero é amanhã
Vou fazer um poema
Amanhã vou fazer um poema

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Desvínculo

Tive erros, homem sério, errei.
Esgotados, errei todos que consegui.
Retalharam tudo, estas mãos rudes...

Tive erros – amenos, frios, gelados –
Aterrissaram na ponta dos pés,
Entrementes eu, deitado à verdade tropical,
Dormia numa ilha do frio próximo.
(Não gritei antes?: fora!) os erros
Escorreram pelos acidentados planos da infância.

Daí essa mancha instalada no espírito,
Pousada e plena e forte e triste;
Pois tive erros, homem sério, errei,
A todo vão livre de vida.

Como é dolorido este hematoma no rosto.
Não saber deixar de se esconder, perder
Dos olhos humildes aquele antigo sol:
Eles olham de lá do cabeçalho da infância.

Eu só tenho uma chance que gira, girassol,
A que me agarro gritando: – homem sério!
Sorria uma vida; vida é solta
Retoma pelo menos as mãos quentes.
Mas sofreram nas rudes.
- Como volto, agora?

Tive erros, homem sério, errei.
Olhe de novo quando secarem?

A luz do esperado dia tropical
Quer aquecer um outro cabeçalho.
Evapora, homem-luz, o choro ingênuo.
Evapora, homem-luz, que eu também amo
O sol que não se toca sem ter vez.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Passagem da marcha


Choveu ont’um bom tanto
__um tanto
Morreu ontem num canto
__contente
O defunto: no rosto,
__um sorriso
Afogado, boiou
__’qui por perto

Vai! Passou? Vai passar.
__vai, passado!

Mas alguém, quem, vem ter
__ao meu lado...

Quem vir cá, vem tocar
__marchas novas
Vem nos passos levar
__meus defuntos
Seguiriam dançar
__noutros mundos
Um futuro de marchas
__vermelhas

Quem vir cá, não se veste
__de dor
Quem vir cá, de vermelho
__se veste
Vai que seja o passista
__dos mundos
Em quem nasce uma amora,
__um amor...

Vou cantar, vou mamãe, oh!
__vou antes
Que tu voltes bater às
__mi’as costas
Oh! mamãe, vou cantar:
__mãe eu quero
O passista dos mundos
__num beijo
Que me leve os defuntos
__infantes

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