terça-feira, 11 de agosto de 2009

Desvínculo

Tive erros, homem sério, errei.
Esgotados, errei todos que consegui.
Retalharam tudo, estas mãos rudes...

Tive erros – amenos, frios, gelados –
Aterrissaram na ponta dos pés,
Entrementes eu, deitado à verdade tropical,
Dormia numa ilha do frio próximo.
(Não gritei antes?: fora!) os erros
Escorreram pelos acidentados planos da infância.

Daí essa mancha instalada no espírito,
Pousada e plena e forte e triste;
Pois tive erros, homem sério, errei,
A todo vão livre de vida.

Como é dolorido este hematoma no rosto.
Não saber deixar de se esconder, perder
Dos olhos humildes aquele antigo sol:
Eles olham de lá do cabeçalho da infância.

Eu só tenho uma chance que gira, girassol,
A que me agarro gritando: – homem sério!
Sorria uma vida; vida é solta
Retoma pelo menos as mãos quentes.
Mas sofreram nas rudes.
- Como volto, agora?

Tive erros, homem sério, errei.
Olhe de novo quando secarem?

A luz do esperado dia tropical
Quer aquecer um outro cabeçalho.
Evapora, homem-luz, o choro ingênuo.
Evapora, homem-luz, que eu também amo
O sol que não se toca sem ter vez.