Proposição XXVII
Eu que ontem pensei de outra forma
Eu que ontem fechei minhas mãos sobre o teu punho
Eu que corri meu tempo para antes da luz diária
Eu que não me dei conta de como teus pés iam à frente
Eu que não os entendi se deixarem tropeçando
E, pateticamente caído, quando dormiste extenuado e entregue
Eu que beijei desesperado as costas abertas de manhã
As que nem eram tuas, mas as de quem não tenho
Eu que só soubesse intentar super-homens
Eu que ontem pensei de outra forma
Eu que não tive com o que preparar a mesa do café
Eu devia preparar um café para o mundo
E chamar os convivas que não depreciam nossa mesa
Eu devia ter tropeçado, mas caí antes de andar
E puxei até o último hausto o teu sorriso solícito
Eu que ontem tive a estrela da vida
Eu que ontem investi cego na verdade luminosa
Eu que andei sem lentes com que visse a verdade
Eu que nunca entendi de óptica
Meu peito está aí construído
E penso que o essencial é perder a guerra e viver derrotado
Eu que não alimento o cruel nacionalismo
Eu que sei de história, mas não de óptica
Eu que perdi o rosto numa guerra civil
Eu que dei um hematoma à estrela do país
Eu que venci a mim e me decepei o peito
Para montar um repasto ao vencedor de mim
Eu quero um armistício, amor, eu quero ócio
Eu quero descanso sob a estrela do equinócio
Eu quero assinar que desisto